Quer saber qual o morro mais alto do Parque Nacional da Floresta da Tijuca (PNFT)? É o Pico da Tijuca com 1.022 metros de altitude. É também o segundo ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas do Pico da Pedra Branca, que tem 1.025 metros. Isso mesmo, somente 3 metros de diferença!
É uma ótima trilha dentro de uma das maiores florestas urbanas do mundo. Mas qual a dificuldade da trilha? Ela é segura? Necessitamos de guia para trilhá-la?
Vamos responder a essas dúvidas e descreveremos como foi a nossa ida ao ponto mais alto do Parque. E digo mais, a caminhada super vale a pena, porque do alto do Pico da Tijuca podemos apreciar uma vista completa da cidade maravilhosa, inclusive da Mata Atlântica com sua exuberância, Pedras da Gávea e Bonita, Ponte Rio-Niterói e ainda, da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
Sem duvida está entre as top 5 das nossas trilhas do Rio.
O relato mais antigo da existência dessa trilha data de 1853. A trilha para o Pico da Tijuca foi aberta pelo biólogo alemão Hermann Burmeister neste ano, com a finalidade de estudar a fauna e flora local.
Em 1855, o administrador da floresta, Conde D'Escragmolle, sinalizou a trilha para facilitar o acesso de montanhistas ao local. Uma exuberante escada de 117 degraus cavados na rocha compõe a etapa final da trilha, cuja história possui diferentes versões: Segundo alguns historiadores, a sua "construção" foi devido a visita do Rei Alberto I da Bélgica ao Brasil, em 1920. Por conta da visita, entusiasmado montanhista, o então presidente da República, Epitácio Pessoa, mandou talhar na rocha, que dá acesso ao pico, a referida escada e ainda colocou grossas correntes de corrimão para facilitar o acesso do monarca.
A caminhada do Rei aconteceu em 24 de setembro de 1920, em um dia chuvoso. A chuva e a lama atolaram os veículos da comitiva do rei, na altura do local, que hoje é conhecido como Largo do Bom Retiro. Nada demais para o rei com 35 anos de idade e em excelente forma física (já havia vencido vários cumes nos Alpes). Desceu do carro e seguiu a pé o restante do caminho, iniciando a trilha com passos largos, deixando para trás a maior parte da comitiva e os jornalistas que cobriam o evento. Ao chegar perto do topo, dizem as lendas que o rei achou uma afronta ver a escadaria que havia sido feita para facilitar o seu acesso ao cume, riu e finalizou a trilha escalando a pedra, dispensando a escada.
Para chegar ao Largo do Bom Retiro, basta pegar a estrada para o Alto da Boa Vista, seja saindo da Tijuca ou da Barra (a via funciona em mão dupla) e procurar a Praça Afonso Vizeu. Entrada do PNFT:
É permitida a entrada de carros no Parque, sendo possível seguir em automóvel pela Estrada dos Picos até a base da trilha, no Bom Retiro, ponto final dentro da Floresta da Tijuca. Se preferir andar desde a praça, soma-se quase uma hora de caminhada. É chão....
Início da trilha:
Um guarda florestal toma nota dos nomes de todos que entram mata adentro. É ele também quem fecha a entrada às 15h. “Em um sábado ou domingo de tempo bonito, sobem de 300 a 500 pessoas, segundo o vigilante”. Em nossa opinião é uma das trilhas mais seguras do Rio.
O percurso da trilha é bem sinalizado e não vemos a necessidade de se contratar guias. No passeio dentro da mata fechada é possível esbarrar com borboletas, ouvir o canto dos pássaros, avistar micos, lagartos, além de insetos. Fora dizer que nem parece que você esta dentro da segunda maior cidade do Brasil. A trilha é bem protegida do sol e bastam poucos passos para que a temperatura diminua. Sob a sombra das árvores, a luz também é bem mais difusa. A trilha segue os contornos dos morros e o aclive é leve. Bem próximo, chegamos à primeira encruzilhada.
O caminho da esquerda leva ao Bico do Papagaio. Se você quiser ir até o Bico do Papagaio ou para o Cocanha, essa é a opção. Do contrário, ignore a placa e siga a trilha que segue até o Costão do Pico da Tijuca, um paredão de granito enorme à nossa direita.
Nossa primeira aventura neste lado do Parque Nacional da Floresta da Tijuca (PNFT) foi em 2014. Fomos até o Bico do Papagaio:
Em outra oportunidade, com os meus filhos em 2018, achei que era "local" nas trilhas, não vi a placa e errei o caminho nessa bifurcação. A intenção era alcançar o Pico da Tijuca, mas fomos em direção ao Bico do Papagaio.
O mapa abaixo indica o caminho correto:
Repare que na segunda bifurcação, encontraremos uma entrada à esquerda que é a trilha que segue para o Pico do Tijuca Mirim:
O caminho reto leva a um pico menor e em mais dez minutos, chega-se aos 917 metros do Tijuca Mirim. A vista é muito bonita. Olhando para trás, vislumbramos o Pico da Tijuca. Parece bem arredondado. O paredão de granito impressiona e notamos que a floresta cobre quase todo o lado esquerdo. Com esmero conseguimos avistar as pessoas na escada – a famosa dos degraus esculpidos na rocha. É o destino final!
Voltando à trilha principal, em mais 5 minutos, chegaremos à famosa escadaria construída para o Rei.
A trilha tem um total de 2.800 metros até o topo. O grau de dificuldade é classificado como moderado, pelo Parque.
Eu e Carla subimos de novo em 2015:
Nós achamos a trilha tranquila, porque existem poucos trechos bem íngremes. Você não vai precisar de cordas, nada disso, só das pernas e dos pés. É importante levar água, pois serão no mínimo cerca de 90 minutos subindo. À primeira vista a escadaria pode assustar, porém, não tem perigo algum e é bem tranquilo de subir. Minha esposa tem vertigem de altura e o pior para ela foi para descer, mas ela desceu de costas. Além disso, muita gente acha a visão dos primeiros degraus da escada, mais bonita até que a proporcionada do alto do pico, pois a vegetação cobre parte da paisagem e é necessário andar no topo para ter a famosa visão da cidade em 360 graus.
Avista-se a extensão da orla, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor, o Maracanã, a Ponte Rio-Niterói e os estádios do Engenhão e do Maracanã.
Levar um lanchinho é uma ótima pedida, a fim de recuperar as energias para a descida que leva menos de 1h até o estacionamento.
Uma outra dica de um ótimo passeio, esse de bicicleta pelo PNFT, é estacionar o carro no Bom Retiro e descer de 'bike' pelo lado do Açude Solidão, Restaurante dos Esquilos e fonte do Largo da Cascatinha, sair pela estrada do Alto quase nos Bombeiros e subir pela Estrada dos Picos. Fizemos essa pedalada maravilhosa em 2019:
Esses foram mais alguns dos nossos excepcionais passeios em meio a uma das maiores florestas URBANAS do mundo.
"A Floresta da Tijuca é uma floresta tropical na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Alega-se que é a maior floresta urbana do mundo, cobrindo cerca de 32 km², embora haja fontes atribuindo esse título à floresta urbana de Joanesburgo, África do Sul, onde foram plantadas entre 6 e 9,5 milhões de árvores." Wikipédia.
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