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Nobres



Quase dois anos sem por o pé na estrada (devido a pandemia) e lá fomos nós matar a saudade das nossas viagens. Vimos vídeos e fotos de Nobres e da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, que nos encantaram. Não poderíamos deixar de conhecer esse pedacinho fenomenal do território brasileiro, distritos privilegiados pela natureza e que vem se tornando um destaque nacional em termos de ecoturismo. Assim, aliamos duas das nossas paixões em um só destino. Viagem e ecoturismo, razão de ser do nosso blog.

Analisando as atrações não poderíamos deixar Nobres de fora das nossas aventuras e imaginávamos se a cor da água era aquela mesmo que vimos nas fotos. Além disso, os rios de águas cristalinas perfeitos para flutuação, os poços de águas azuis turquesa, as cachoeiras e os mergulhos com peixinhos, peixões e até arraias, atiçavam a nossa curiosidade. Nobres ainda não faz parte do cenário das principais atrações turísticas brasileiras, porém arriscamos dizer que tem tudo para ser o destino ideal da sua próxima viagem, ainda mais se você for um dos amantes da natureza, como nós.


Inicialmente, planejamos viajar em março de 2021 para Cuiabá, de onde partiríamos para o roteiro Nobres + Chapada dos Guimarães. Chegamos a comprar todo o pacote, inclusive com aluguel do carro, os hotéis e alguns passeios. Entretanto, a pandemia voltou com força neste mesmo mês e fomos obrigados a postergar a viagem para agosto. Não tivemos problemas para adiar a viagem e os pagamentos iniciais serviram de crédito para a remarcação.


Saímos do Rio no dia 03 de agosto às 20:35 h, no voo da Latam para Guarulhos com conexão para Cuiabá. Chegamos às 00:10 h do dia 04 e dormimos no Cerrados Park Hotel, em Várzea Grande, onde fica o aeroporto. Escolhemos esse hotel por oferecer "transfer" gratuito. Descobrimos através do motorista que Várzea Grande trata-se de um município e não de um bairro de Cuiabá, como pensávamos. Tanto assim, que em alguns sites de busca de aluguel de carro, não aparece a cidade de Cuiabá.


Na manhã deste dia, pegamos o carro abaixo na Unidas e fomos para Bom Jardim, que fica a aproximadamente 140 km de distância de Cuiabá.



Uma grata surpresa foi a viagem até lá, já que a estrada é muito boa e o percurso levou menos de duas horas. Note no mapa abaixo que pelas vias MT-010 e 241 via Nobres, o tempo de deslocamento seria de quase duas horas e meia. A via que pegamos, MT-351, é o trajeto mais rápido e está em ótimas condições até o Resort Malai Manso, que fica a menos de 50 minutos de Bom Jardim. Depois do resort, a estrada tem alguns pequenos buracos mas não a ponto de comprometer a viagem.



A nossa viagem demorou um pouco mais, pois minha mulher adora fotografar as paisagens da estrada :)







Aqui vai uma importante dica: hospede-se em Bom Jardim, um distrito de Nobres que está localizado a 65 km do centro da cidade, porém é bem mais perto de todas as atrações, o que dá uma grande ajuda na economia de tempo e dinheiro.



Nobres utilizou Bonito (MS) como referência para promover as suas atrações. Com uma natureza similar ao da cidade do estado vizinho, no Mato Grosso do Sul, a cidade copiou o modelo de visitação aos seus principais pontos turísticos. "O turista precisa ir a alguma das agências locais para adquirir o voucher que será apresentado nas atrações – não é possível comprar na entrada e os preços são tabelados. A ideia, dessa forma, é movimentar toda a cadeia do turismo local, como explicam os donos das agências. Com o voucher, é possível ter um controle para que não seja ultrapassada a capacidade de carga nas atrações. Além disso, são recolhidos 1% para o Fundo de Turismo (Futur) municipal e 3% de ISS." Internet. Como já relatamos, a maior parte dos atrativos se concentra no distrito de Bom Jardim. Há alguns anos atrás, a infraestrutura turística ali era quase inexistente. Segundo relato de um de nossos guias, a cidade de Nobres tem menos de 60 anos. Sua emancipação foi em 11 de novembro de 1963 (57 anos). Conferido na internet.

Portanto, ainda se trata de um destino rústico, com ruas de terra e infraestrutura bem precária, nem podendo ser comparada a Bonito. Mas a mudança será inevitável, pelo menos assim esperamos. Conversando com outra guia da Chapada, esta comentou a mesma coisa que notamos em relação à infra e às pouquíssimas opções de boas refeições em Bom Jardim.


A flutuação é o carro-chefe, a exemplo de Bonito, fruto dos rios com fundo de calcário, que deixa a água cristalina. Aliás, somente no município de Nobres, existem 9 fábricas responsáveis por 60% da produção de calcário do estado de Mato Grosso. São mais de 3 milhões de toneladas. Além da flutuação, também tem outros programas e atividades, como o bóia cross e o passeio de quadriciclo. Fique atento nas estradas: é comum avistar emas, seriemas, tucanos, corujas, araras e outros animais silvestres. Fomos sortudos e vimos muitos deles.


Chegando em Bom Jardim, nos hospedamos na Pousada Bom Jardim. A pousada é muito boa, oferecendo um bom quarto, limpo, boa cama e até rede na varanda em frente ao quarto. Somente o travesseiro que é muito fino. O café da manhã é muito bom, assim como a piscina. Os passeios oferecidos pela agência da pousada são excelentes, bem como o quadriciclo. Este último é uma excelente aventura, apesar de caro, 160 por pessoa. Fizemos um roteiro bem bacana, subindo umas montanhas próximas à pousada e que nos final nos levou a um belíssimo por do sol.

Concluindo, vale a pena se hospedar e agendar os passeios por lá.




Reparem nas casas de João-de-barro, na estrutura do restaurante da pousada.




A nossa programação inicial, feita com muita antecêdencia, seria:

Dia 04 - Check In às 15h e Lagoa das Araras às 16:30h ;

Dia 05 - Cachoeira Serra Azul às 09:25h e quadriciclo às 16:15h;

Dia 06 - Reino Encantado às 10h e bóia cross no Duto às 15h;

Dia 07 - Vale das Águas às 10h e Check Out às 13h.


LAGOA DAS ARARAS Logo após o check in, fomos visitar esta atração. Localizada bem próxima ao centro de Bom Jardim, a Lagoa das Araras é exatamente o que o nome diz: um alagado repleto de buritis para onde, no fim da tarde, diversas espécies de aves vêm se aninhar. As araras fazem o seu show, voando sempre em pares e muito barulhentas, mas por lá também vimos muitas garças, biguás, maritacas e periquitos. Chegamos por volta das 17 horas por lá, demos uma volta na lagoa desde a placa sugerindo o local ideal para tirar as fotos do Por Do Sol (PDS), passando por dois decks e ficamos até escurecer. Ficamos impressionados com a quantidade das aves e o com o coral de sons estridentes que faziam. Dica: Leve repelente. Preço: 30 reais por pessoa. Essa atividade não requer guia.






Abaixo o mapa turístico de Bom Jardim:



CACHOEIRA SERRA AZUL - distante 23 km do centro em estrada de chão:

É a única atração que necessita de acompanhamento de guia na área. O Sesc tem uma lista de guias credenciados e a nossa pousada enviou um para o ponto de encontro com os demais turistas, atrás dos Correios da vila. A cachu fica dentro da propriedade adquirida pelo Sesc e nosso guia nos mostrou dentro da propriedade muita vegetação reflorestada com os biomas do cerrado e da Amazônia, pois a região está na fronteira das duas. No caminho passamos por imensas plantações de milho.


A cachoeira é uma das atrações abertas ao público. Para chegar lá, no entanto, é preciso enfrentar quase 450 degraus de subida, antes de conseguirmos a recompensa: flutuar no poço de águas cristalinas, com aproximadamente 6 metros de profundidade. Colete salva-vidas é mandatório no local. Você vai precisar deles para observar as dezenas de piraputangas que circulam por ali. Na lateral direita da cachoeira há uma nascente de água quente, sensacional Vale a pena nadar até lá para desfrutar da térmica!


Também é famosa porque os peixes saltam da água para pegar comida. Nosso guia colocou um pedaço de banana numa vara e assistimos saltos de quase 1 metro para fora da água!


Para voltar, dispense a escada: use a tirolesa que oferece emoção na medida certa. São 60 metros de altura e 800m de extensão, chegando a quase 35 km/h. A trilha até a cachoeira é de nível moderado, então se gostar de emoção, opte pela tirolesa e economize os joelhos na descida.


Preços: R$ 80 (flutuação) ou R$ 130 (com tirolesa) por pessoa;











BALNEÁRIO ESTIVADO - distante 1 km do centro:


Finalizado o passeio na cachoeira, fomos almoçar neste balneário após deixarmos o guia no local, que nos levou. O balneário localiza-se bem pertinho do centro possuindo um restaurante às margens de uma "piscina natural" rasinha, não mais do que 1,5 m. As águas limpas e cristalinas deste balneário atraem um cardume muito grande de peixes, em especial as piraputangas. Showwww!!!!

Perfeito para quem tem crianças pequenas e quer descansar. Só tome cuidado, pois lá tem macacos atrevidos e todo cuidado é pouco com comidas e objetos. Eles pegam MESMO qualquer comida deixada nas mesas ou dentro de sacolas. Ponto negativo é que o local estava muito descuidado, com lixo aparente e entulhos espalhados pela área. Demos azar com o almoço, pois na hora que chegamos a comida já na estava nas sobras, então não gostamos. Sem contar a infeliz localização do refeitório, ao lado da poeira da estrada e longe do rio. Ah, tomamos um sorvete tailandês (na chapa) delicioso, muito parecido com o que comemos no sudeste asiático.


Preço: R$ 25 por pessoa, a entrada sem o almoço;







PASSEIO DE QUADRICICLO


O passeio de quadriciclo foi sem dúvidas uma ótima aventura em Bom Jardim. Os guias são simpáticos e bem atenciosos, sem contar os equipamentos de segurança, que são obrigatórios. Todos os quadriciclos estavam bem conservados. Antes de sair, fizemos um treinamento na própria pousada. Recomendamos com empenho o passeio, pois é seguro e com um pouco de emoção ao mesmo tempo. Pegamos o horário das 16:30h e podemos contemplar um por do sol espetacular. A Trilha tem percurso de aproximadamente 12 quilômetros (ida e volta) e leva cerca de 2 horas para ser concluída.

O passeio passa pelo centro, paralelo as estradas em direção ao sítio Solar do Vale. No trajeto andamos pelo cerrado, subindo e descendo morros. Depois finalizamos o passeio em uma parada no Mirante para registrar algumas fotos. Voltamos já no escuro, e foi muito bom, principalmente ao passarmos nas trilhas mais acidentadas. Na volta, até alimentamos na boca um cavalo bem domesticado, o Pantaneiro.


Preço: R$ 160 por pessoa;









FLUTUAÇÃO NO REINO ENCANTADO - distante 14 km do centro em estrada de chão: A principal atração do Reino é a flutuação no Rio Salobra. São 1.200 metros de flutuação por um rio de águas cristalinas. Durante o passeio veremos a nascente do rio, onde existem vários pontos de ressurgência, de onde brota água do chão. Muito legal ver a terra "borbulhando" com o nascimento da água. Para preservar as nascentes, é proibido pisar no chão. Mas nem precisa se preocupar, todo o passeio é realizado com coletes que permitem boiar durante todo o percurso. E mesmo quem não sabe nadar, não precisa se preocupar pois a correnteza do rio se encarrega de nos levar.

O local possui mais de 200 nascentes que formam o Rio Salobra,


O lugar é super estruturado, com belos jardins floridos e todo decorado com objetos de madeira que remetem ao tema dos rios e peixes da região.


Após uma breve caminhada, chegamos no local de início da flutuação e ficamos cerca de 30 minutos no complexo de ressurgências do rio. A cor da água é transparente e dá pra ver tudo com muita nitidez. Nesse lugar ficam muitos peixes enormes e arraias. Não é permitido colocar os pés no solo, mas podemos ficar em pé nos troncos que estão no fundo do rio. Depois de passarem os 30 minutos na área da nascente do rio, iniciamos a flutuação. Durante o percurso vimos poucos peixes e pior, a água ficou bastante turva da metade do percurso para frente. Disse-nos o guia que foram algumas antas que atravessaram o rio, levantando então areia do fundo. Curta as fotos tiradas numa Go Pro que alugamos no local (50,00):








Preço: R$ 100,00 por pessoa (passeio, guia e equipamentos) e R$ 40,00 por pessoa (almoço buffet à vontade)

Como dali iríamos para o Duto do Quebó, optamos por almoçar ao lado, no Aquário Encantado e aproveitar para conhecer o local.


AQUÁRIO ENCANTADO - distante 13 km do centro em estrada de chão: "O Recanto Ecológico da Lagoa Azul, também conhecido como Aquário Encantado, é uma das principais flutuações de Bom Jardim. O lago natural possui aproximadamente 90 m² e tem um formato de uma piscina, no ponto mais profundo chega a atingir 06 metros de profundidade.


Suas águas são cristalinas e é repleto de cardumes de peixes típicos da região como Dourados, Piraputangas e Piaus". Internet.


Chegamos em torno de meio dia e pegamos a comida toda fresquinha. Foi a melhor e mais saborosa refeição que fizemos em Bom Jardim. Após o almoço, compramos o valor só da entrada, sem flutuação e fomos visitar o Aquário. Durante o trajeto a guia nos informou que alguns turistas estrangeiros reclamaram da cor turva da água. É o mesmo rio do Reino Encantado. Começamos a achar que haviam inúmeras antas no local, rsrs. Outra dica valiosa que ela nos deu foi a de conhecer a flutuação do rio Triste, a melhor, na sua opinião. Como na nossa programação não constava este rio, decidimos trocar o passeio do último dia que seria no vale das Águas pela flutuação no rio Triste. Voltando ao Aquário... ele é realmente lindo, ainda mais quando a luz do sol incide, o que dá esse efeito azul incrível! Veja as fotos:





BÓIA CROSS NO DUTO DO RIO QUEBÓ - distante 31 km do centro em estrada de chão:


O circuito do boia-cross tem aproximadamente 1.800 metros de descida e fica, como o próprio nome diz, no rio Duto do Quebó. Após pegarmos os equipamentos de segurança, tais como, colete, sandálias e capacete, cada um recebe a sua boia e vamos para o rio. Estávamos somente em três, eu, esposa e a guia.

Como era época da seca, o rio estava raso sendo mais um passeio pelo rio do que bóia cross. Apesar de que em alguns trechos a correnteza estava forte e o passeio até ganhou um pouco de emoção. Mas calma aí... tem sim um momento de mais adrenalina, quando se cruza a gruta do Duto do Quebó. Nesse momento, o guia nos esperou para entrarmos juntos na gruta. Assim que entramos podemos entender a necessidade de ficarmos juntos. Lá dentro é muito escuro! Não é possível enxergar nada. O guia nos forneceu lanternas e aí foi possível avistar as paredes da caverna e o teto com os inúmeros morcegos que ali habitam. Mas logo avistamos a luz no fim do túnel, num trecho de quase 300 metros de gruta. Muito legal!












FLUTUAÇÃO NO RIO TRISTE - distante 18 km do centro em estrada de chão:

Conseguimos trocar o voucher do Vale das Águas sem custo e valeu muito a pena termos incluído o Rio Triste nas nossas flutuações. Depois soubemos que por algum problema entre as administrações, nem sempre essa opção é oferecida pela agência Bom Jardim. A entrada da atração é bem simples, rústica mesmo. Um lugar com uma pequena estrutura, sem bar, nem banheiros limpos e com um local para vestirmos o colete, sapatos, snorkel e máscara.

De triste mesmo só o nome! A flutuação é só curtição. São cerca de 1.500 metros por águas rasas, em que não é preciso fazer nada além de se deixar levar pela correnteza. O fundo do Rio Triste é composto por calcário o que dá o seu tom azulado incrível e sua água extremamente transparente fazem com que ao longo do trajeto o turista aprecie cada detalhe do rio. Além da vegetação podemos observar piraputangas, dourados e piaus, até arraias, mas não são muitos peixes. Aliás, lembrando que para pisar no fundo tem que procurar os troncos. Como o guia possuía um celular aquático, recém adquirido, contratamos a máquina dele por 50,00 e ainda demos mais 20,00 para ele ser o nosso talentoso fotógrafo particular (já que éramos só eu e meu amor, além dele, é claro). As fotos e vídeos ficaram excelentes:

















Preço: R$ 100 por pessoa;


Jantamos somente um dia fora, os demais fizemos lanche no quarto. Comemos uma pizza no Restaurante Lukinha's Lanchonete em frente a nossa pousada. Muito boa a nossa pedida.


MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR A REGIÃO DE NOBRES

Gostou do destino e quer fazer dele o seu próximo roteiro? Nossa sugestão é que a viagem ocorra entre Maio e Outubro, período com pouca ou nenhuma chuva.


Nossa consideração final é que Bom Jardim tem um saldo bem positivo. O clima ensolarado quase o ano todo harmoniza perfeitamente com a cachoeira Serra Azul, o passeio pelo Rio Duto do Quebó, o quadriciclo conjugado com o por do sol e com as flutuações em rios de águas cristalinas. Aproveite enquanto o destino é pouco explorado e as multidões ainda não apareceram.


Veja a continuação dessa viagem incrível no post CHAPADA DOS GUIMARÃES!





3 Comments

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Bianca Mello Dias de Souza
Bianca Mello Dias de Souza
Jun 06, 2022

Olá! Gostaria de agradecer pelos relatos e fotos. A partir deles pude montar meu roteiro para Nobres e Guimarães. Gostaria de saber, se possível, o contato da guia Sibele, de Guimarães.


Grata desde já!

Bianca Souza

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Joao Belo
Joao Belo
Jan 23
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Desculpe-me só respondê-la agora! Gratidão!! Se ainda adiantar, o contato da guia Sibele é (67) 9218-6868. Bom passeio!!

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