Continuando a nossa viagem pelas Filipinas, após visitar Moalboal, Boracay e El Nido, cujos posts estão aqui no blog, no dia 14 de fevereiro de 2024, decolamos de El Nido para Coron pela Air Swift. Pousamos no aeroporto Francisco B Reyes em Busuanga, cidade localizada a 30 minutos do nosso destino - Coron Town.
Quer saber onde ficar, o que fazer, quando ir...? Quer conhecer um navio japonês afundado durante a II Guerra sem saber nadar ou ainda como alugar os passeios? Então vem conosco e leia aqui tudo o que você precisa saber antes de ir.
Se você, como nós, é uma daquelas pessoas que viu fotos de tirar o fôlego das águas cristalinas de Coron na internet ou nas redes sociais e se inspirou para visitá-la, não vai se arrepender, pois o lugar é aquilo tudo e muito mais...
Coron é a joia da coroa de Palawan! Está localizada na terceira maior das Ilhas Calamian, ao norte de Palawan, como visto no mapa abaixo:
As Filipinas realmente conquistaram os nossos corações. Boracay foi eleita pela minha belíssima esposa e eu escolhi Coron, no caso de ter que escolher apenas um local para visitar no país. Esta nação está repleta de paisagens de cair o queixo e Coron não é exceção. Ela é mundialmente conhecida pelos passeios de barco pelas ilhas (Island Hoping) e pelos mergulhos com cilindro e snorkel (nosso caso), num cenário paradisíaco com muitos peixes e corais fantásticos, perto de alguns dos 22 navios japoneses afundados durante a II GM.
Além disto, também abriga algumas das lagoas e lagos mais famosos do planeta cercados por suas majestosas falésias calcárias semelhantes as encontradas na Baía de Halong Bay ou Ninh Binh no Vietnã e também em Krabi na Tailândia.
Nos instalamos no Corto del Mar hotel e gostamos! Avaliamos como sendo muito bom, pela excelente localização. Fica bem no centro da cidade de Coron Town. Por perto você encontra de tudo: diversos hotéis, pousadas, restaurantes, bares, agências de turismo e lojas de souvenirs. O conforto do quarto é acima da média e o nosso ainda tinha uma boa varanda, de frente para o mar. De lá nos divertíamos ao final da tarde assistindo as crianças que brincavam bem ao lado do hotel numa área bem carente, uma vila de pescadores. Vimos apresentação de dança para o tik tok, pic esconde e muitas brincadeiras, sempre antes de anoitecer. Chegando a escuridão as crianças se recolhiam, pois uma das poucas luzes disponíveis para elas brincarem era a do holofote do hotel.
O café da manhã também é muito bom e o hotel ainda tem uma excelente piscina, mas nem chegamos a curti-la, porque chegávamos exaustos dos passeios de barco, após tanto tempo na água durante o dia inteiro.
O ponto que deixou a desejar foi a TV, muito pequena e quase sem opções de canais.
Vamos ao que fazer em Coron? A resposta é direta e simples: ‘Island hoping!’
Existem várias rotas e muitas opções de passeios. Você pode fazê-los em grupo ou de forma privada, depende do seu bolso e vontade. Para reservar os passeios existem inúmeras agencias de turismo em Coron Town. No desembarque do aeroporto recebemos muitos panfletos ofertando os passeios. Escolhemos uma agência dentre eles, de nome
Twin - Travel and Tours e gostamos, tanto que fizemos três passeios com a mesma agência e no mesmo barco. As excursões privadas são geralmente mais caras, portanto as excursões em grupo são a melhor opção para viajantes com orçamento limitado. A maioria dos passeios de um dia inteiro pelas ilhas serve almoço a bordo. Nós optamos pelo almoço somente no primeiro dia e em breve explicaremos o motivo.
No dia 15 de fevereiro saímos para o primeiro ‘island hoping’. O barco era do tipo ‘bangka’, tradicional estilo de barco filipino com estabilizadores laterais, uma graça de embarcação, muito bem cuidada e de nome Raine Marie.
O patrão do barco Harold Ramos trabalha no ramo desde os 15 anos de idade, gente finíssima! Além de ter um inglês muito bom, nos ensinou muita coisa sobre o país (educação e política), conhece muito bem a região e sabe tudo de navegação.
Optamos por iniciar fazendo o 'super ultimate tour' que previa Kayangan e Barracuda Lakes, Twin Lagoon, Skeleton Wreck, Atwayan e CYC beaches. (vide mapa abaixo):
A maioria das atrações deste tour localizam-se na Coron Island, quase em frente a Coron Town. E neste dia o céu era de brigadeiro, sem uma nuvem, o mar e vento de almirante, isto é, estavam bem calmos. Nossa primeira parada foi a Twin Lagoon. As lagoas gêmeas são definitivamente um dos lugares imperdíveis para se visitar em Coron. Dentre os destinos espetaculares e mais visitados nos passeios pelas ilhas daqui, Twin Lagoon sempre se destacará entre os melhores dos melhores. É simplesmente demais!
Como o nome sugere, existem literalmente duas lagoas conectadas. E são circundadas de rocha calcária. Cenário de filme e capa de muitas revistas:
Junto conosco na embarcação, o Harold levou um ajudante que também era o proprietário do caiaque transparente. Ele que nos guiou pelas duas lagoas, alternando etapas a nado e no caiaque. As Twin Lagoons tem uma característica interessante: a água doce subterrânea se encontra com a água salgada do mar. É uma experiência incrível. Quase não vimos peixes, mas os corais são muito legais e a transparência da água é uma coisa de louco, fora que quando a gente olha para cima e ao redor fica estonteado com as imponentes falésias, ainda mais com o céu azul.
Começamos o passeio pela lagoa menor, atravessamos para a maior por uma caverna de ligação que estava parcialmente submersa e demos a volta nas lagoas até retornar ao nosso barco. Uma curiosidade é que Coron é o lar da tribo Tagbanua, um dos grupos étnicos mais antigos das Filipinas. Eles são os guardiões ancestrais da terra e possuem língua própria e práticas culturais distintas. São os responsáveis pelas Lagoas Gêmeas e pelos lagos Kayangan e Barracuda. Eles cobram taxas de entrada para manutenção e limpeza.
Nossa segunda parada do tour foi o Skeleton Wreck. Notamos e registramos em um filminho que logo após a saída do barco das Lagoas Gêmeas, o ajudante do Harold estava preparando o peixinho na brasa que seria servido no almoço.
O Skeleton é um navio de abastecimento japonês de 25 m de comprimento que foi atingido por um ataque aéreo durante a Segunda Guerra Mundial pela Força Aérea dos EUA. Explicaremos mais adiante sobre os naufrágios nos arredores, pois destinamos o segundo passeio de barco para eles. O Skeleton repousa a uma profundidade de 5m, variando até 22m, no máximo. É um local incrível para mergulho livre ou autônomo, bem como para nadar com snorkel na superfície, que é a nossa praia. Sua moldura, incrustada pelo tempo formou um esqueleto, de onde vem o seu nome. Adoramos mergulhar entre os corais vibrantes e muitos peixes:
Ao lado do navio localiza-se uma pequena praia onde pudemos tomar uma água de coco deliciosa, que estava bem docinha e tinha muuiittaa água. Parecia até que tinham colocado açúcar dentro do côco. Na cidade que moramos, Nha Trang (Vietnã), é a mesma coisa e algumas vezes o côco parece uma bola de basquete de tão grande.
Rumamos para a terceira parada do tour: Praia CYC. Uma das grandes vantagens de um barco privado é que desta maneira a gente tenta fugir do congestionamento de embarcações, que tem um roteiro padrão. E até que conseguimos!
CYC, nome da praia, significa Coron Youth Club e, como o nome sugere, proporciona um ambiente onde a juventude (nós, hehe) pode relaxar, nadar, mergulhar com snorkel, andar de caiaque e fazer piquenique.
CYC possui uma generosa linha costeira sombreada por árvores e manguezais que emergem da água. É um contraste em comparação com muitas das belas praias de Coron, emolduradas por falésias calcárias. E neste belíssimo cenário, aproveitamos para almoçar.
Nossa que rango! Tudo muito bom mesmo, especialmente o peixe assado. Fizeram até decoração nos pratos... muito legal!
Chegamos então no Lago Kayangan e para ancorar o barco passamos por muitos outros, desta vez não teve escapatória. Após o check-in com a tribo Tagbanua, subimos por uma escada até um mirante onde tiramos a foto da capa deste post, antes de descermos para o famoso lago. É uma das fotos mais icônicas de Coron. Demos sorte pois a fila para 'sacar' a foto estava pequena quando passamos pelo local. No caminho de volta do lago para o barco a fila estava quilométrica. O Lago Kayangan, frequentemente citado como o lago mais limpo da Ásia, é conhecido por suas águas cristalinas deslumbrantes e formações rochosas circundantes, de lhe deixar boquiaberto. Este também é um mix de águas salgada e doce com formações rochosas subaquáticas inacreditáveis. Águas muito transparentes que vemos até bem fundo e tão límpida que é possível ver até uma profundidade de 10 metros, a partir de mirantes ao redor do lago. 'Increíble!'
Finalizamos o tour no lago Barracuda. É famoso por seu local de mergulho, onde você pode ver esqueletos de peixes barracudas em suas profundezas. As águas verde-azuladas cristalinas são perfeitas também para snorkel. O lago é semelhante ao Kayangan em um aspecto – suas águas são uma mistura de água doce e salgada. Porém, a diferença entre os dois lagos é que o Lago Barracuda possui termoclinas. Isto é uma camada intermediária das águas de lago ou oceano, que separa as águas superficiais mais quentes das águas mais frias e em que a temperatura diminui rapidamente conforme aumenta a profundidade.
"Os 4 metros superiores são de água doce e quente. Abaixo de 4 metros a água é salgada. Existem mudanças dinâmicas na temperatura da água no lago, com temperaturas variando de 28 a 38 Celsius. Você pode até sentir os termoclinas de 4 a 14 metros."
Só não visitamos a praia Atwayan que estava prevista no tour, acho que porque ficamos mais tempo que o previsto nos locais anteriores.
No dia 16 de fevereiro partimos novamente em direção ao mar para fazer o "Reef & Wreck Tour" deixando o "Island Escapade Tour" para o último dia. No segundo dia, estávamos em dúvida de qual tour fazer entre os dois, mas quando vimos o pôster na parede da agência, não tivemos duvidas de fazer o tour dos naufrágios primeiro.
Somos muito interessados pelas histórias da Segunda Guerra Mundial e poder ver alguns dos navios afundados bem de pertinho foi um momento bem especial para nós, pelo seu significado histórico. Coron também se tornou um importante destino turístico porque os naufrágios se tornaram uma atração significativa para mergulhadores e entusiastas de história. Os navios de guerra japoneses afundados são agora sistemas de recifes vibrantes e locais de mergulho muito populares.
"A Força-Tarefa 38 esteve envolvida na missão de ataques aéreos navais contra as forças japonesas nas Filipinas de 21 a 24 de setembro de 1944. Ataques aéreos pesados contra navios japoneses na Baía de Manila resultaram no afundamento de 15 navios, o que forçou os japoneses a mover seus navios restantes para outros ancoradouros que eles pensavam estar fora do alcance das aeronaves navais e dos bombardeiros terrestres dos EUA. Um desses ancoradouros seguros seria Coron Bay. Muitos dos navios chegaram nesta baía em 23 de setembro. Na manhã de 24 de setembro de 1944, às 05h50, um total de 96 caças de escolta Grumman F6F Hellcat e 24 bombardeiros de mergulho Curtiss SB2C Helldiver decolaram em um vôo para seus alvos a 700 km de distância. Este foi o mais longo ataque aéreo baseado em porta-aviões até então e só permitiria à aeronave um breve período sobre a frota japonesa. Às 09h00, a força de ataque alcançou a Ilha Busuanga, Palawan e encontrou grandes navios inimigos ancorados na Baía de Coron e ao redor da Ilha Busuanga. Após um ataque de 15 minutos, eles afundaram 22 navios nipônicos." Internet
Nosso primeiro mergulho de snorkel foi na Canhoneira East Tangat (Terukaze Maru). Este navio era uma pequena canhoneira ou caçadora de submarinos, com 40 metros de comprimento. Localização: Inclinado no recife de coral no lado leste da Ilha Tangat. A proa do navio fica bem perto da superfície da água.
Dali fomos para a Canhoneira Lusong (Uruppu Maru). A popa rompe a superfície na maré baixa. Localização: Em frente ao lado leste da Ilha Lusong.
Ficamos impressionados com este snorkel pois a popa do navio estava praticamente na superfície. Se chegássemos na baixa-mar teríamos visto parte do navio fora da água. Além de estar cercado de bonitos corais, avistamos muitos peixes.
Minutos após a nossa chegada no local, um grupo de chineses iniciou o mergulho. Como eram muito mal educados, passando com nadadeiras na nossa cara e para piorar uma criança estava aos berros, nos afastamos alguns metros do naufrágio e para nossa surpresa vimos os corais mais bonitos das Filipinas até então. Ali vimos até peixe-palhaço, o famoso NEMO, graças aos chineses, hehe
Lembra que falamos que mesmo sem nadar vc poderia ver um navio, ou melhor, uma enorme canhoneira da Segunda Guerra Mundial incrustada em corais, cracas e vida marinha??!! Constatamos e conferimos in loco! Foi magnífico e incrivelmente deslumbrante, devido ao tamanho do navio. Confira um pouco deste espetacular cenário:
Retornamos ao barco para o nosso derradeiro destino neste dia inesquecível. Virando a esquina do naufrágio, deparamos com um belíssimo recife conhecido como Lusong Coral Garden. Como as águas são cristalinas e a visibilidade é sensacional, vimos uma enorme variedade de corais que crescem para cima e para baixo na parede de declive dentro do mar, tipo uma plataforma. Lembramos bastante da Barreira de Coral, que visitamos saindo de Cairns, na Austrália. Muitos guias afirmam que o Lusong Coral Garden é o melhor local para mergulho com snorkel em Coron, onde os corais coloridos superam os peixes. Concordamos!
Para facilitar, há uma corrente muito útil ali que nos empurra ao longo dos corais, de modo que você só precisa flutuar e deixar a correnteza te levar. E quando retornamos ao barco o Harold nos falou que os mesmos chineses que nos atrapalharam no naufrágio do Lusong chegaram ao local e já iam mergulhar bem próximos de nós... Ele então rapidamente os despachou para outra área rsrs.
Como dissemos anteriormente, nós não almoçamos a bordo neste dia, assim como no dia seguinte, para que pudéssemos abreviar a jornada e retornar ao píer em torno das 15 h. Reforçávamos o café da manhã e assim 'almojantávamos' na volta.
No dia 17 de fevereiro, último dia de passeios pelas Filipinas, fizemos o "Island Escapade Tour" que inclui Malcapuya, Bulog Dos e Banana islands. É um passeio bem longo, 2 hs só de ida, veja no mapa abaixo:
E neste dia o mar, além de não ser de almirante, não estava para peixes. Pra vcs terem uma ideia, nem filmagem teve pois ventava muito e o barquinho jogava mais do que touro bravo. Mas como a patroa é resistente, uma guerreira e eu sou marinheiro, não passamos mal. Eu só fiquei preocupado, pois se o motor pifasse, ficaríamos em maus lençóis até que uma alma bondosa nos rebocasse. Mas nosso santo é forte e chegamos ao paraíso em Malcapuya:
Este tour é mais direcionado para o relaxamento e para as praias. Leve em conta que as viagens de barco até lá são longas e o número de locais visitados é menor. No entanto, a beleza e o sossego das praias compensa em muito o deslocamento. A Ilha de Malcapuya é um cenário perfeito para cartões postais, com praia de areia branquinha e águas transparentes de cor azul-turquesa. É um destino ideal para quem quer fugir das multidões e relaxar numa praia tropical.
Rumamos então para Bulog Dos Island. Outro cartão postal inacreditável:
Sendo um dos destinos mais bonitos dentre os mais bonitos, esta pequena ilha é um refúgio maravilhoso da agitação da vida cotidiana. Aqui nós curtimos águas azul-turquesa, e desfrutamos da tranquilidade da mãe natureza. Só não demos sorte de pegar a baixa-mar para atravessar entre as ilhas sem água, já que a mesma estava nos tornozelos.
E fechamos o tour em uma praia só para nós, escolhida pelo Captain Harold:
O nome: Bamboo. Lembramos de outra ilha maravilhosa de mesmo nome na Tailândia, perto de Ko Phi Phi. Só que aqui, além da exclusividade paradisíaca, ficamos ainda mais impressionados pela variedade de corais e peixes a poucos metros da praia:
Encerramos os passeios das Filipinas com chave de ouro! Faltou comentar que a melhor época para visitar Coron é durante a estação seca, de novembro a maio. Estes meses oferecem águas mais claras, proporcionando excelente visibilidade para praticantes de snorkel e mergulhadores que desejam explorar os naufrágios e sua vibrante vida marinha. Embora o pico da atividade turística caia entre dezembro e março, quem procura uma experiência mais serena pode optar pelos meses anteriores ou posteriores a esta janela. O resto do ano nem pensar... e as monções daqui são ferozes com até mesmo tufões. Vimos alguns estragos pelo país comentados pelos guias e motoristas. Porém, de dezembro até abril, sopra um vento que muitas vezes balança bem o mar, como foi o nosso caso em um dos dias em Coron e nos impossibilitou de fazer um passeio de barco em El Nido.
Finalizando, Coron é DEMAIS!! Com tantas lagoas, praias e ilhas de raríssima beleza, oferece oportunidades únicas de mergulho com snorkel, com vários locais de mergulho em naufrágios e jardins de coral onde a vida marinha subaquática é espetacular!
Compartilhamos nossa opinião pessoal que as Filipinas é um país encantador. As pessoas, principal patrimônio da nação, são super simpáticas e fazem de tudo para que os turistas sintam-se em casa. O país é rico em recursos naturais, tanto assim que foi invadido pelo Japão na II GM em busca destas riquezas. Tem um potencial turístico enorme e um povo capacitado, porém como dissemos em post anterior é mal administrado, ao menos onde vimos: em Moalboal, El Nido e em Coron. Entretanto, as belezas naturais do país compensam qualquer perengue para chegar aqui, como a distância do Brasil ou as carências de infraestrutura. Welcome to Filipinas e divirta-se como o casal H2O!
A r r a s o u mi amorrrr